quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Tu és infinitamente responsável por aquilo que cativas....

Em algum momento da noite eu acordo assustada, tive um sonho ruim e já sei que não vou conseguir dormir. Aquele zumbido insistente ainda continua a perturbar toda minha existência, e a palavra que ele forma é ainda mais inquietante: Porquê?
Sigo lembrando essas coisas que eu não deveria lembrar, e me deparo com um você muito chateado reclamando que eu nunca sou carinhosa. Acho graça, pois você, em sua grande inocência, nunca conseguiu perceber todos os meus gestos de carinho. Pra você carinho é tudo feito com as mãos, e isso eu não tenho paciência. Sou mais daquelas que demonstra afeto em ações, como nas inúmeras vezes em que ao cozinhar algo gostoso ficava infinitos minutos te olhando comer, com a melhor cara do mundo. Você também não sabe, mas muitas vezes acordava a noite pra te ver dormindo, parecia muito relaxado e com um pequeno sorriso nos lábios que indicava estar exatamente onde queria estar. Sigo adiante e me lembro de como era fácil passar 25 horas com você sem parar, e ainda assim ser difícil de se despedir. Me dá um aperto no peito assim que me lembro dos seus olhos arregalados e da respiração entrecortada por causa da minha "cara de doida" perto demais de você, enquanto eu acho graça e rio. Ou da sua voz rouca assentuando desnecessariamente o apelido carinhoso do qual você me chamava, e me dou conta de que não me lembro de você me chamar pelo nome. Ou então, naquela vez que pintei a unha de uma cor que detesto só pra te agradar. Essa última lembrança agora tem um gosto amargo da generalização, mas logo passa.
Por fim me deparo com as fotos de um nós dois muito relaxados, e faço uma inquietante descoberta: ali, no lampejo dessas fotografias as duas da manhã descubro que seus olhos também brilhavam. Ainda bem! Reprimo todos os pensamentos e deixo a última lágrima rolar.
Você passou como um lampejo, mas não foi um furacão... Balançou algumas árvores, espalhou algumas folhas e deixou um certo espaço vazio.
É cherrié, no fim você estava certo, sim, eu tinha medo. Porque dentro de mim, meu sexto sentido gritava que nossos fios desencapados poderiam resultar em grandes curtos circuitos. E eu, que já vi esse filme antes, tive a inteira sensação de que sabia como ia terminar... mero engano, eu não sabia.
Se cada um dá o que tem, espero ter dado minimamente tudo de mim nesse curto espaço de tempo. Analiso e sorrio, penso que não, e me vem uma dose de alívio. Se tu és inteiramente responsável pelo que cativas, espero que também tenha essa sensação de missão cumprida. Você foi exatamente tudo que poderia?
Por fim o sono vem e eu me canso dessa viajem no tempo, fecho a gaveta com todas as lembranças sem medo de parecer ridícula, pois pra ser feliz na vida é necessário ser um pouco ridículo sim... Mas duvido que você consiga tal façanha, pois nunca fará seu tipo, você assim como o EU que você conheceu jamais se arriscaria a tal. Num último lampejo, me vem uma lembrança curiosa, você desviou os olhos todas as ultimas vezes em que nos vimos, e eu nunca sei se isso é bom ou ruim. Faltou coragem? Era ódio? Faltou afeto?
E então eu paro, aquela pressão no peito me faz parar, e mesmo sabendo que não é possível,  desejo nunca mais te ver. Melhor seria poder conviver com todas as certezas e dúvidas, e com a premissa insistente: Porque?

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